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quinta-feira, 7 de junho de 2012

O Caso Aref

Ministério Público de São Paulo tenta provar um dos maiores escândalos da gestão Kassab


Hussain Aref Saab, ex-diretor do APROV, é investigado por corrupção, enriquecimento ilícito e lavagem de dinheiro por ter acumulado mais de 125 imóveis durante os sete anos em que foi diretor do Departamento de Aprovação de Edificações, entre 2005 e 2012 e conseguido o impressionante patrimônio de mais de 50 milhões de reais. Em sua defesa, ele alega que não cometeu irregularidades alguma e comprou os imóveis com a renda de estacionamentos da família. Porém, até então, a mágica de tamanha multiplicação de patrimônio ainda não foi provada. Aref e seus advogados terão que contar uma história convincente, para que a opinião pública acredite que ele é um verdadeiro prodígio dos negócios, afinal, muitos gostariam de saber qual a fórmula para comprar mais de uma centena de imóveis de alto padrão, tendo como rendimento o salário de funcionário público. Gilberto Kassab, que afastou Aref assim que a denúncia tornou-se pública, também precisa explicar a todos, como um de seus diretores passou tantos anos a frente de um departamento tão importante sem levantar suspeitas.

Aref cometeu uma série de malfeitorias pela cidade de São Paulo. 
Ele era responsável pela liberação de obras. Em sigilo, uma servidora graduada declarou ao Ministério Público que Aref liberou centenas de pedidos mediante propina  para autorização de prédios. Outras pessoas já foram ouvidas confirmando as declarações e acrescentando outras denúncias ao caso. As liberações envolvem desde áreas de preservação ambiental, áreas contaminadas, e condomínios em vias públicas como o da Alameda Ministro Rocha Azevedo, onde uma travessa nos Jardins, considerada pública pela área jurídica da administração municipal, se transformou em área privada e em garagem de um condomínio de alto padrão. Durante décadas, a Travessa das Constelações foi a via de entrada para uma pequena vila de casas na altura do número 915 da alameda. Os imóveis foram adquiridos pela Concivil. Em 2004, a empresa conseguiu junto ao Aprov a autorização para erguer duas torres no local. A travessa deu lugar a um bulevar entre os dois prédios e a dois andares de garagem no subsolo. Em outra ação, Aref, permitiu a construção de um edifício de alto padrão pela Lindencorp Empreendimentos Ltda., na rua Tutóia. Esta ação foi ajuizada na 8ª Vara da Fazenda Pública.



Segundo o MP, um dos esquemas do servidor era feito através das guias para pagamento de tributos. De responsabilidade das construtoras, as guias eram fraudadas na autenticação bancária e o dinheiro não era recolhido aos cofres públicos. Segundo apurado pelo MP, o prejuízo causado com o esquema pode ultrapassar mais R$ 70 milhões. As investigações reúnem documentos de caráter sigiloso. Segundo o Ministério Público, outras frentes de investigação podem ser abertas, dependendo da necessidade de apuração de fatos conexos. Na câmara do vereadores porém, as sessões plenárias vazias e comissões idem, dificultam o trabalho de vereadores interessados em esclarecer e apurar denúncias sobre enriquecimento ilícito, corrupção, improbidade e formação de quadrilha.Hussain Aref Saab

A máfia dos imóveis, que vem destruindo diversos bairros em São Paulo, fazendo da cidade um inferno, insegura e quase intransitável reúne muita força junto a diversos parlamentares. O prefeito Gilberto Kassab e a família do governador Geraldo Alckmin também foram beneficiados com a liberação do Aprov. A empresa R&K  Engenharia então de propriedade de Kassab e do ex-deputado estadual Rodrigo Garcia (atual secretario estadual de Desenvolvimento Social) teve um prédio anistiado pelo Aprov, em 2008. Na época foram denunciadas irregularidades pelo vereador Aurélio Miguel (PR). Esse caso envolve até sumiço de documentos. No processo n.º 0163622/2010, a R&K pleiteava a Lei da Anistia (quando há irregularidades a serem anistiadas) para regularizar uma reforma no prédio da rua Leandro Dupré. Em 2006, o pedido foi indeferido. Dois anos depois, em 2008, Aref reconsiderou o caso, quando o prazo para recurso é de 60 dias. O cunhado do governador Geraldo Alckmin, Adhemar Ribeiro, conseguiu a ampliação do prédio Wall Street Empreendimentos, na Faria Lima, sem a devida contrapartida da outorga onerosa.

Enfim, trata-se de um caso gravíssimo em que a população de São Paulo deve unir-se e cobrar punição dos envolvidos, fortalecer a atuação dos vereadores que pretendem investigar o caso instalando uma CPI e apoiar o Ministério Público, para que todo esse trabalho não seja em vão. Mas se nada for feito, pouco vai resolver reclamar depois da falta de planejamento urbano, do caos no trânsito, bradar contra a corrupção, pedir mais parques e áreas verdes , sonhar com uma cidade melhor, mais humana e democrática, pois se esta máfia vencer mais essa batalha, terão a certeza de que o esquema vale cada real investido, e mais cedo ou mais tarde, um novo Aref  ocupará um cargo importante para atender às necessidades da quadrilha. A hora é agora!!!




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