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terça-feira, 19 de março de 2013

É a verticalização...é a ganância...é o córrego...é a omissão. É a Vila Pompeia

Dos problemas causados pelo mau planejamento urbano na cidade de São Paulo, a verticalização é o mais visível deles. Talvez pelo crescimento dessa atividade e mais, pelo modelo de verticalização praticado nos bairros centrais, onde a construção desses edifícios deixa evidente as falhas cometidas pelos gestores municipais que não limitam ou impõe regras mais rígidas às construtoras. Não se trata de demonizar o processo de verticalização dos bairros, posto que verticalizar pode ser uma ação eficiente e bem-vinda em várias regiões, mas sim o padrão adotado na maioria dos casos em que não se leva em conta os aspectos característicos de bairros como a Vila Pompeia, por exemplo. Num bairro já consolidado como este, manter a qualidade de vida de seus moradores tem sido um grande desafio. O padrão de verticalização adotado por aqui tem se mostrado ao longo da última década um verdadeiro desastre. Prédios de alto padrão descaracterizam um bairro que nasceu fabril,  se desenvolveu trazendo outros moradores de maior ou menor renda fazendo dele um local agradável e de convívio social intenso. Essa característica, fez da Vila Pompeia um bairro vivo, de comércio variado, e manifestações sócio-culturais das mais interessantes. Berço do rock, de centenário time de futebol, de escola de samba, a Vila Pompeia foi referência de preservação arquitetônica quando Lina Bo Bardi integrou os prédios antigos da IBESA, ao concreto armado das novas edificações do Sesc Pompeia, marco arquitetônico da região. 

Um bairro com grande potencial cultural e econômico despertou também o interesse do mercado imobiliário, mas não contou com o zelo dos nossos administradores que vem permitindo sua descaraterização. E assim, prédios de alto padrão mudam a cara do bairro, seus moradores, seu comércio tradicional, trazendo muitos automóveis para ruas que foram projetadas para um trânsito pequeno. Hoje, semáforos se encontram em quase todos os cruzamentos do bairro. Os problemas das enchentes, transtorno antigo no bairro,  a cada ano torna-se mais severo devido à contante impermeabilização do solo, agressões ao lençol freático e saturação das já combalidas galerias de esgoto. O córrego da Água Preta, canalizado para permitir o crescimento da Vila, foi a primeira vítima deste mau urbanismo. Aqui, imitaram a ação de degradação ambiental comum ao esconderem suas águas. Feita em centenas de outras regiões da cidade, a canalização mostra-se cada vez mais um grave equívoco, acarretando prejuízos para moradores e visitantes. É preciso encarar o problema de frente e barrar o modelo de verticalização praticado impunemente pelas grandes construtoras que nada fazem para minimizar os impactos danosos que impõe à região. Moradores, mão à obra. O momento é de mobilização.





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